21 de nov. de 2009

Aquela vadia...

...Aquela vadia! Obvia e porca como a sujeira de baixo de um tapete velho. Bate-me sempre a porta de madrugada e cutuca-me com idéias sórdidas sobre mim mesma. Não gosto dela com seus olhos borrados e suas meias rasgadas a rir das minhas atitudes calculadas. Puxa-me devagarzinho e com ela vou dormir aquela noite. Na manhã seguinte, acordo enjoada, será que devia ter ao menos gritado para ela ir embora?Não adiantaria... Quando tento perseguí-la corre e pula a janela, posso vê-la virando a esquina com um sorriso cínico no canto da boca. Melhor deixá-la dormir quieta ao meu lado, assim ela se acalma.

Parece-me que é nestas horas quando se está a chutar as latas vazias no meio da rua, ou a olhar a sujeira grudada no fundo do copo vazio é que são feitos os grandes pactos. Quando mais nenhum barulho, nenhum monólogo faz sentido, somente o silêncio impera e zune aos nossos ouvidos surdos. Posso ouvir o silêncio ele já não me assusta mais.

O cachorro magro fuça o monte de lixo da ruela lá fora e ela se aproxima toda gatuna. Entrego-lhe um par de meias brancas. Tenha bons sonhos minha querida vadia...


Um comentário:

  1. Anônimo17.1.10

    Bia este achei muito interessante, o texto tem um a velocidade crescente seguido de uma calmaria, gostei disso!! e que tenha bons sonhos a vadia..srrsrs Beijos Ale.
    alexandre.ale@gmail.com

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