19 de nov. de 2010

um velho de 400 anos

Eu acredito no amor,
Mas não sei se o amor que acredito
é o mesmo amor em que você acredita.
Talvez nem mesmo seja o amor
 que eu costumava acreditar antes.
Toda vez que chega, vem diferente.
Acolhe-se num canto desconhecido de mim,
e quando se vai deixa-o oco inabitável,
para que nunca ocupe sempre o mesmo lugar.
Ele é assim como eu,
parte de mim que me acompanha,
às vezes onipresente, farto e
noutras, distante e vago.

Chego a pensar nele como um velho,
de quatrocentos e tantos anos,
com tantas rugas na cara,
que não se vê mais seus olhos.
O velho amor sentado na sua varanda,
com seu chapéu de palha furado.
Tem apenas o olhar, fundo e tranqüilo,
de quem não precisa repetir
o que seriam meras palavras
para ouvidos surdos,
o que fora sua vida,
suas dores e suas conquistas...