19 de nov. de 2010

um velho de 400 anos

Eu acredito no amor,
Mas não sei se o amor que acredito
é o mesmo amor em que você acredita.
Talvez nem mesmo seja o amor
 que eu costumava acreditar antes.
Toda vez que chega, vem diferente.
Acolhe-se num canto desconhecido de mim,
e quando se vai deixa-o oco inabitável,
para que nunca ocupe sempre o mesmo lugar.
Ele é assim como eu,
parte de mim que me acompanha,
às vezes onipresente, farto e
noutras, distante e vago.

Chego a pensar nele como um velho,
de quatrocentos e tantos anos,
com tantas rugas na cara,
que não se vê mais seus olhos.
O velho amor sentado na sua varanda,
com seu chapéu de palha furado.
Tem apenas o olhar, fundo e tranqüilo,
de quem não precisa repetir
o que seriam meras palavras
para ouvidos surdos,
o que fora sua vida,
suas dores e suas conquistas...

9 de abr. de 2010

simples assim

sou uma pessoa simples,

de sonhos simples,
e por isso mesmo vejo o mundo,
com os mesmos olhos que o vi,
pela primeira vez:


olhos de susto,
olhos de encantamento,
olhos de quem não se acostuma muito,
olhos de quem procura demais,
olhos de quem acredita desconfiando,
olhos de quem desconfia acreditando,
olhos de quem deixa e ganha todo dia,
um pensamento já velho demais,
ou um pensamento muito novo ainda...


Deve ser por isso,
que tenho este olhar:


olhar de quem prefere ouvir,
olhar de quem consegue se calar,
olhar de quem consegue parar,
olhar de quem consegue chorar,
olhar de quem consegue guardar,
olhar de quem não finge olhar,
olhar de quem tem muito dentro,
olhar de quem olha fundo nos olhos,
mas as vezes não consegue se deixar olhar.


há quem diga que sou um mistério,
mas para elas, ou a maioria delas,
é mais fácil crer assim, olhar de fora,
espiar de leve do que entrar de vez,
porque aqui dentro é simples,
tudo que espero é um amor simples,
uma vida simples,
simples assim.

6 de abr. de 2010

Lá pelas tantas...

Lá pelas tantas,
Quando estava pelas tampas,
Vi que eram horas...
Olhei para baixo,
Só vi o meu pulso.
Não havia relógio.
Naquelas veias saltadas,
os anos batiam apressados.


Acelerando, acelerando...


Pressa para quê? Pensou minha mente,
Que nem estava mais ali, de fato,
naquele corpo cansado...
Ela voara, voara para bem longe,
Para algum lugar meu,
Que lá pelas tantas,
Ainda hei de encontrar...

3 de fev. de 2010

De encontro, 2003

Hora marcada
O primeiro sonho,
Encanto e desencanto,
Eu canto o mundo
Mas não canto o meu amor.
Sonho, pele
Vida, choro.
Eu pensei que tudo isso
O primeiro encontro,
Encanto e desencanto,
Viesse num pacote
Embrulhado com amor.
Choro, vida
Pele, sonho.
Mas, meu amor...
O teu amor
Brigou
Com meu outro amor
Amor-próprio.
Que apesar do nome
É menos meu
Que o amor teu.

25 de jan. de 2010

sobre tênis e frescobol

Conversávamos sobre tênis e frescobol , sobre relações humanas, ou melhor sobre relacionamentos entre duas pessoas. Achei a história interessante... Analogia bem montada duma obviedade notória, mas efetiva. Conversávamos sobre Rubem Alves, eu e minha amiga Ana, ou sobre relacionamentos naquela noite... E toda aquela conversa me fez ficar pensativa.

É meu amor ...“A vida é provavelmente redonda” já dizia Van Gogh. E a jogar com ela, eu de um lado da estória e você de outro. Como num jogo de tênis, às vezes rebato a sua jogada, noutras ela me engana e vou dar no outro canto da mesa, enquanto você se prepara para a minha revanche fingindo saber aonde a bola vai cair desta vez. Nunca fui boa nisto, esta coisa de tênis... eu não quero fazer você perder.

E o objetivo todo disto jogo é ferrar o seu adversário, botar a bola fora da quadra, esconder o jogo, simular jogadas e sair por cima. Em contra, podemos tentar o frescobol, jogo mais amigo, mais interativo. Amor, que tal tentar brincar de jogar a bola para mim? Gostei desta história do frescobol Ana!...